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Bioinsumos substituem defensivos químicos nas fazendas do Piauí

O uso desses produtos biológicos tem ganhado espaço na agricultura local, especialmente na cultura da soja, principal produto agrícola do estado.

 
 
O mercado de bioinsumos no Brasil cresceu 21% nos últimos três anos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 O mercado de bioinsumos no Brasil cresceu 21% nos últimos três anos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 
 

A recente sanção do Projeto de Lei 658/2021 pelo presidente Lula regulamenta a produção de bioinsumos no Brasil, trazendo segurança jurídica para uma prática que já é consolidada nas fazendas do Piauí. O uso desses produtos biológicos, que substituem os defensivos químicos tradicionais, tem ganhado espaço na agricultura local, especialmente na cultura da soja, principal produto agrícola do estado.

No Piauí, todas as fazendas utilizam algum tipo de bioinsumo, conforme informou Rafael Maschio, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja no Piauí (Aprosoja Piauí). Ele destacou que a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é uma prática consolidada há décadas na produção de soja, substituindo completamente o uso de fertilizantes nitrogenados. Além disso, muitos produtores têm aderido ao uso de bioinsumos no Manejo Integrado de Pragas (MIP), seja por meio da produção própria em biofábricas ou pela compra de produtos comerciais. “Isso tem trazido benefícios na redução da dependência de produtos químicos no manejo de pragas”, afirmou.

Os bioinsumos oferecem diversas vantagens econômicas, sociais e ambientais. Segundo Maschio, o uso desses produtos pode reduzir significativamente os custos no MIP e melhorar a qualidade biológica dos solos ao diminuir a aplicação de químicos. Vale ressaltar que eles ainda reduzem a exposição dos trabalhadores a defensivos agrícolas convencionais.

As biofábricas tem se expandido no cerrado piauiense (Foto: Kleiber Arantes/Secom)

 

A utilização das biofábricas, conhecidas como “on farm”, tem se expandido na fronteira agrícola do cerrado piauiense. Essas instalações permitem que os produtores desenvolvam micro-organismos em larga escala, utilizados no controle biológico de pragas e na estimulação do crescimento das plantas. Patrícia Dalto, administradora da Fazenda Chapada do Céu, em Sebastião Leal, relatou que o uso dessas soluções naturais reduz os custos de manejo e também contribui para uma produção mais sustentável.

“Tem gerado espaço para combater [pragas] com algo natural, que usa a própria natureza. O resultado é menor uso de defensivos agrícolas químicos, gerando economia na cadeia produtiva. Além de não agredir o meio-ambiente, conseguimos fazer na on farm, uma defesa mais barata que os defensivos”, disse Patrícia Dalto, em entrevista ao Piauí Negócios.

Crescimento do mercado de bioinsumos

O mercado de bioinsumos no Brasil tem mostrado um crescimento robusto, com um aumento anual de 21% nos últimos três anos, superando a média global. Na safra 2023/2024, as vendas atingiram R$ 5 bilhões, especialmente nas culturas de soja, milho e cana-de-açúcar. Mato Grosso lidera o consumo no país, com 33,4% do total, seguido por Goiás e Distrito Federal.


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Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, quase 50% dos produtores brasileiros utilizam produtos biológicos. A produção nacional cresce 30% ao ano, enquanto o mercado global cresce 18%. “O estímulo aos bioinsumos envolve diálogo contínuo entre governo, produtores e pesquisadores, promovendo inovação e novas tecnologias no campo”, afirmou Goulart.

Desafios e perspectivas para o Piauí

Apesar do avanço, ainda existem desafios relacionados à falta de dados precisos sobre o impacto dos bioinsumos na produtividade das lavouras piauiense. De acordo com Maschio, há uma carência de informações detalhadas sobre como os bioinsumos afetam a produtividade de maneira local. Contudo, com a recente regulamentação, espera-se que a legislação ajude a consolidar mais dados e aprimorar as práticas agrícolas.

A Lei 15.070 também cria incentivos para a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias. A norma estabelece mecanismos oficiais para fomentar a produção e o uso desses produtos biológicos, estimulando a inovação no setor. Além disso, a lei também introduz uma taxa para a fiscalização do uso de bioinsumos, que será cobrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) de empresas que produzem ou comercializam bioinsumos, assegurando o controle e a qualidade desses produtos.

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