Indústria
Fernanda Delgado
Piauí tem grande potencial para se destacar em hidrogênio verde, avalia entidade nacional
Diretora da Associação Brasileira do Hidrogênio Verde aponta as vantagens do estado para a produção do combustível verde
Emelly Caroline Alves - redacao@pinegocios.com.br
A busca por investimentos para a produção de Hidrogênio Verde (H2V) tem crescido no Brasil. Há pelo menos 57 projetos em diferentes estágios de desenvolvimento em todo o país, e o Piauí demonstra grande potencial para ser um dos principais polos de distribuição do novo vetor energético. A avaliação é da diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado, que aponta que o estado tem condições favoráveis para a produção do que é considerado o combustível do futuro.
Em entrevista ao Piauí Negócios, Delgado explica que o estado pode contribuir decisivamente para o aporte de R$ 7 trilhões de investimentos na economia brasileira até 2050. Ela destaca que o estado possui vantagens competitivas, como a infraestrutura da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), em Parnaíba, e programas estruturados, como o Hub de Hidrogênio Verde do Piauí.

Além disso, o Piauí tem trabalhado em prover facilidades para as empresas que querem investir na produção de H2V no estado. Isso porque, para que os projetos possam sair do papel, são necessárias condições especiais, tendo em vista que a produção desse combustível é mais cara que hidrogênio comum.
É o que aponta Fernanda Delgado: “O Piauí tem o potencial de se tornar um hub muito importante. É preciso lembrar que toda a indústria desse novo combustível precisa de segurança jurídica e regulatória, além de incentivos e condições especiais, pois hoje o hidrogênio cinza é mais barato que o hidrogênio verde. Então, é preciso diminuir esse gap de preço. Pedimos incentivo ao governo para proteger os primeiros investidores, e vemos uma disposição muito grande do Piauí em disponibilizar condições de contorno favoráveis a esses investimentos”, destaca.
Outro ponto positivo é a abundância de energias renováveis no estado nordestino, o que também deve contribuir com a futura produção de H2V, obtido a partir da eletrólise da água.
“O Brasil, de uma forma geral, despertou o interesse para a produção desse combustível por conta da grande quantidade de energia limpa que conseguimos produzir a um custo baixo. Isso nos coloca em uma posição muito favorável. E o Nordeste, em especial, tem a maior quantidade de energia renovável disponível e a possibilidade de expansão dessa oferta de energia”, aponta a diretora.
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Ainda este ano, está previsto o início da construção de dois projetos de hidrogênio verde, que terão investimentos totais de R$ 200 bilhões. A empresa europeia Green Energy Park, que firmou em 2023 um acordo com o Governo do Estado, visa estabelecer um parque de produção de 5 GW de amônia produzida a partir de fontes renováveis. O projeto deve ser concluído em dois anos.
Além da Green Energy Park, outra empresa com operações previstas no litoral do Piauí é a Solatio, líder em desenvolvimento de projetos solares na América Latina. A companhia planeja iniciar a primeira etapa das obras para a produção de hidrogênio verde e amônia no estado. Ambas as empresas colaborarão para estabelecer o Hub de Hidrogênio Verde na Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

Para Fernando Delgado, a chegada da nova indústria irá impactar toda uma cadeia de segmentos dentro e fora do estado. Isso se deve ao fato de que tudo relacionado ao hidrogênio verde é relativamente novo: a indústria, as fábricas, os fornecedores, o transporte, a infraestrutura e a tecnologia. Isso significa mais investimento, geração de emprego e arrecadação para o estado.
“Através da produção desse combustível, iremos afetar universidades e diversos outros órgãos que irão trabalhar também na capacitação dos profissionais. Além disso, toda indústria traz outras a reboque. Com o desenvolvimento do projeto, serão impactadas desde fornecedores de máquinas, equipamentos e serviços, até mão de obra, treinamento, restaurantes, hotéis. Você afeta a indústria como um todo, não tem como escapar da chegada de uma nova tecnologia”, finaliza.
Com o projeto de hidrogênio verde no litoral do Piauí, estima-se a criação de cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, abrangendo uma ampla variedade de habilidades, desde cargos administrativos até científicos e de engenharia.
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